Hoje, as séries não só satisfazem o nosso humor, como também incluem ideais de representatividade.

A maioria das mulheres negras possuem uma imagem estereotipada na indústria cinematográfica, e por essa razão, tentam suprir seus ideais com outros profissionais que usam esse entretenimento como instrução nas salas de cinema. Entretanto, esse tipo de representatividade não é o suficiente, pois a mulher negra não só luta por notabilidade nas séries, como também luta diariamente contra outras formas de opressão – mas felizmente essa realidade está mudando. Uma prova? Michaela Coel.

Pela proliferação de premiações e festivais pelo mundo, e também, pela intensa receptividade nas redes sociais, as produções audiovisuais estão atingindo mais espectadores e tornando os olhares mais democráticos.

Criadores pesquisam o intelecto de um personagem no seu mais complexo e íntimo comportamento, portanto, profissionais que expõem os grupos minoritários positivamente acabam lhes ajudando em sua representatividade – ou seja, possivelmente desconstroem a imagem negativa das regiões vinculadas à população negra.

Logo, muitas séries estão sendo o reflexo de um outro ponto de vista, e por isso, gostaria de citar uma das mais novas séries disponíveis na Netflix.

Elenco da série.
Elenco da série.

Chewing Gum é uma série de comédia britânica contemporânea. Tracy, a protagonista, é uma jovem cristã que está descobrindo o mundo, principalmente sobre relacionamentos e sexualidade. Sua melhor amiga, Candice, tenta a ajudar, mas nada evita que a virgem de 24 anos arrume confusões.  Chewing Gum é uma série leve e dinâmica, cumprindo o objetivo de atingir um público amplo e heterogêneo, pois, nem todas as produções audiovisuais que expõe a minoria devem ser entediantes e genéricas.

Tracy Gordon é interpretada por Michaela Coel, uma atriz, compositora, poeta e criadora da série.

A série foi inspirada no monólogo da peça de Michaela, Chewing Gum Dreams (2012).
A série foi inspirada no monólogo da peça de Michaela, Chewing Gum Dreams (2012).

Essa produção é a prova que devemos inserir ainda mais os temas de inclusão social e racial nas indústrias criativas. O elenco abrange tópicos como: intolerância religiosa; homossexualidade oprimida pela sociedade; maternidade na juventude; a figura feminina reprimida sexualmente; estereótipos raciais e socioeconômicos, entre outros.

A Netflix celebra a representatividade em todos os seus personagens, aproximando ainda mais as produções com a realidade – uma manutenção na hierarquia racial.

A cômica série, que foi liberada dia 31 de outubro, merece ser vista “sem sombra de dúvidas”. Em seus 6 episódios, ela não só irá te divertir com um humor de qualidade, como também parte da premissa que mulheres independentemente de sua realidade, vivem em uma cultura conservadora.

Além da linda fotografia, cenários genuínos e uma ótima escolha de paleta de cores, a série se passa com os personagens mais excêntricos de Londres. A direção? Boas sacadas. Edição? Digna do enredo. O roteiro? Notável e despretensioso.

Tracy te encanta de uma forma inexplicável, pois com toda a sua autenticidade e ingenuidade, ela bloqueia pensamentos machistas e busca com garra os seus objetivos. Ainda que tudo dê errado em sua vida, em momento algum perde o otimismo. Um dos detalhes hilários da série é como ela idolatra a cantora Beyoncé, que é um dos símbolos do feminismo negro na mídia.

Tracey Gordon (Michaela Coel) com o seu idolatrado pôster da cantora Beyoncé.
Tracey Gordon (Michaela Coel) com o seu idolatrado pôster da cantora Beyoncé.
Connor (Robert Lonsdale) e Tracy.
Connor (Robert Lonsdale) e Tracy.
Candice (Danielle Walters) e Michaela Coel.
Candice (Danielle Walters) e Michaela Coel.

A atriz cresceu com uma forte figura materna, o que a fez compreender logo cedo o papel do empoderamento feminino. E entre os vários assuntos discutidos na série, o tema que mais se destaca é a sexualidade no ponto de vista da mulher, mostrando a importância da total autonomia sobre o seu corpo e o respeito pelos seus desejos e sentimentos.

Além de ser uma artista excepcional, Michaela acredita em uma sociedade mais justa e igualitária. Fez um lindo discurso na BAFTA TV Awards 2016 quando recebeu o seu prêmio de female performance in a comedy programm.

“Se alguém aí se parece um pouco comigo e se sente um pouco excluído… Só direi uma coisa para você: Você é lindo, confie. Você é inteligente, confie. Você tem poder, confie.”

Michaela fazendo o seu discurso na BAFTA TV 2016.
Michaela fazendo o seu discurso na BAFTA TV 2016.

Admito, caí nessa série sem querer, e por essa razão, o contentamento é ainda maior. É com grande satisfação que a recomendo, tal pela maneira divertida que me hipnotizou neste universo tão realístico e caricato. Com séries deste nível agradável e jovial – acabam evoluindo o nosso portfólio visual, sendo algo extraordinário, dado que esse tipo de diversidade está ganhando cada vez mais prestígio nesta plataforma.

“Bravo!” à diversidade e a representatividade das novas séries.

“Se você deseja que a sua história seja contada, a escreva.” – Michaela Coel

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