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    Blog do Matheus Prado

    Matheus Prado é professor universitário, jornalista, escritor e cineasta. Autor de quatro livros, ministra cursos sobre escrita criativa e storytelling.

    INDEPENDENCE DAY: O RESSURGIMENTO | Os anos 90 estão de volta

    O filme cumpre bem a promessa de te divertir por duas horas e tem poucos furos que realmente incomodam. Se uma nova continuação surgir, há um grande risco de vermos Will Smith como estrela principal, já que sua morte é apenas citada e fica bem aberta.

    Eu perdi a conta do tanto de vezes que eu assisti Independence Day entre 2000 e 2003. Eu havia conseguido uma fita cassete com um amigo e, movido pela paixão pelo seriado “Um Maluco no Pedaço”, não conseguia deixar de ver e rever Will Smith dando soco na cara dos alienígenas.

    Naquela época, como um abobado e impressionado pré-adolescente, não o via como vejo hoje: um filme de ação e comédia, desprendido da realidade e que tem o entretenimento como único objetivo. Ele não quer te fazer pensar. Você não verá um roteiro genial e muito menos atuações brilhantes, dignas de premiações. Assistir Independence Day não é como assistir O Poderoso Chefão e o diretor alemão Roland Emmerich sabe disso. Mais do que isso: ele se aproveita disso.

    Muitos personagens antigos estão de volta
    em “Independence Day: O Ressurgimento” | Créditos: 20th Century Studios

    Antes de mais nada, vamos a sinopse de Independence Day: O Ressurgimento:

    Após o devastador ataque alienígena ocorrido em 1996, todas as nações da Terra se uniram para combater os extra-terrestres, caso eles retornassem. Para tanto são construídas bases na Lua e também em Saturno, que servem como monitoramento. Vinte anos depois, o revide enfim acontece e uma imensa nave, bem maior que as anteriores, chega à Terra. Para enfrentá-los, uma nova geração de pilotos liderada por Jake Morrison (Liam Hemsworth) é convocada pela presidente Landford (Sela Ward). Eles ainda recebem a ajuda de veteranos da primeira batalha, como o ex-presidente Whitmore (Bill Pullman), o cientista David Levinson (Jeff Goldblum) e seu pai Julius (Judd Hirsch).

    Uma das muitas (e ótimas) cenas de ação de “Independence Day: O Ressurgimento” | Créditos: 20th Century Studios

    Assim como no longa de 1996, a continuação de 2016, Independence Day: O Ressurgimento, vai pelo caminho do espetáculo. Não há dilemas muitos grandes (se bem que, impedir uma invasão alienígena é um dilema enorme). Os personagens não são explorados além do básico para rirmos ou nos empolgarmos com eles. E é ainda que eu vejo o primeiro problema: o filme tem muitos personagens.

    Em todos os cursos de roteiro e escrita criativa que fiz na vida, a regra básica sempre é: use poucos personagens. Com poucos personagens, você consegue explorá-los melhor, acrescentar mais peso e veracidade a su personalidade. Independence Day peca nisso, já que possui mais de uma dezena de personagens principais, quase todos com a profundidade de um pires de leite.

    Tanto que fica até difícil descobrir quem é o protagonista. A conclusão mais lógica é que seria David Levinson (Jeff Goldblum), um dos personagens mais divertidos dos dois filmes. Mas o destaque maior é dado para o tenente Jake Morrison (Liam Hemsworth), um piloto imaturo que trabalha na estação lunar – já que os humanos estão colonizando quase todo o Sistema Solar – e que namora Patricia Whitmore (Maika Monroe), a filha do ex-presidente Thomas J . Whitmore (Bill Pullman).

    Jeff Goldblum e Bill Pullman reprisam seus papeis do longa original | Créditos: 20th Century Studios

    E se meu maior incentivo para assistir o original era a presença de Will Smith, neste ele não chega a fazer falta. A 20th Century Fox queria que ele estivesse no projeto, mas isso não aconteceu pelo valor do cachê cobrado pelo astro: US$ 50 milhões para estrelar em duas sequências. Então, para finalizar as negociações que vinham acontecendo desde 2009, o diretor Emmerich declarou:

    Will Smith não voltará, pois ele ficou muito caro. Metade do elenco será de pessoas que você conheceu no primeiro filme, e a outra metade serão novos personagens.

    Como solução para o dilema, Emmerich foi óbvio: o personagem de Smith foi morto num teste de uma nave que mistura tecnologia humana com alien e é tratado como um ídolo pela população. Um dos protagonistas do novo longa de 2016 é Dylan Hiller (Jesse T. Usher), filho de Steve Hiller (Will Smith), que se tornou piloto e agora segue com o legado do pai.

    Liam Hemsworth como Jake Morrison, um dos muitos protagonistas de “Independence Day: O Ressurgimento” | Créditos: 20th Century Studios

    Uma coisa que você precisa ter em mente quando for assistir o filme é que ele foi feito do mesmo jeito que os filme eram feitos nos anos 90. Temos discursos motivadores, piadas sem noção, cenas com cachorros e destruição global. Isso pode ser um grande problema para algumas pessoas, mas para mim, é diversão garantida. Sai do cinema feliz e ansioso para a continuação, que fica evidente pela última cena. Isso se a bilheteria ajudar, é claro.

    Pra finalizar, deixo claro que gostei do filme. Ele cumpre bem a promessa de te divertir por duas horas e tem poucos furos que realmente incomodam. E confesso que fiquei com uma leve impressão de que, se uma nova continuação surgir, há um grande risco de vermos Will Smith como estrela principal, já que sua morte é apenas citada e fica bem aberta. Ele poderia ter sobrevivido a queda e há centenas de teorias da conspiração para isso.

    Mas… Assista sem preconceitos. Você vai gostar.

    “Independence Day: O Ressurgimento” | Créditos: 20th Century Studios

    Um pequeno spoiler

    Um paralelo interessante, ainda mais considerando tudo que eu disse até agora, é que Independence Day: O Ressurgimento pode ser comparado com 2001: Uma Odisséia no Espaço

    Tá, eu sei que você quer me matar pela afirmação, mas vamos as explicações. No longa, os humanos recebem a ajuda de uma misteriosa esfera branca que os alienígenas temem mais do que tudo. O objeto é um avançado “computador” para onde foi transferida a inteligência de uma raça extraterrestre inteira, que abandonou a existência orgânica há mil anos e que é a única em todo o universo capaz de derrotar os invasores.

    No filme e, principalmente, nos livros da série Uma Odisseia no Espaço escritos por Arthur C. Clarke, somos apresentados a um enorme monólito negro que esteve presente em todos os momentos da evolução da raça humana. Seu papel é pouco explorado no filme de Stanley Kubrick, mas é explicado nos três últimos livros, onde ficamos sabendo que ele é um receptáculo para uma inteligência alienígena, transferida para dentro dele após essa raça avançar e abandonar a matéria orgânica.

    Coincidência? Eu acho que não.


    Veja o trailer de Independence Day: O Ressurgimento:

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