Esquadrão Suicida já nasceu como um sucesso garantido. Como poderia ser diferente? O longa junta uma das atrizes mais lindas da atualidade com um dos caras mais nice guy de Hollywood e mistura tudo com o maior hype desde o novo Star Wars. E ainda faz isso dentro do universo do melhor Batman que o cinema já viu (com direito a aparições do mesmo) e do Coringa mais esperado de todos os tempos. Tinha como ser fracasso de bilheteria? É claro que não.
Mas tinha como ser fracasso de crítica, já que todos os críticos de cinema adoram falar mal de filmes baseados em quadrinhos, não é? Talvez. E ao que tudo indica é exatamente isto que está acontecendo. Enquanto escrevo estas linhas, o longa acumula uma classificação pífia de apenas 31% no Rotten Tomatoes, para o desespero de alguns fãs, que chegaram a criar uma petição para tirar o site do ar.
Mas qual é o motivo disso? Afinal de contas, o filme é bom ou ruim?
Depende. Depende muito do que você está esperando ver. Se você quer ver uma obra incrivelmente original, surpreendente, que vai entrar para o hall da fama do cinema, não apenas dos filmes de herói, mas de todos os tempos, certamente ficará decepcionado. Além de alguns personagens cativantes, o longa não tem absolutamente nada de original.
Mas se você só quer se divertir, vibrar muito vendo personagens que você acompanha desde criança fazendo coisas que você sempre quis ver no cinema ao som de muito rock’n’roll e piadas quase que previsíveis… Então este filme é pra você! E ele é inacreditavelmente foda pensando neste contexto!
Mas, independentemente do que você está esperando, o filme possuiu alguns problemas sérios. A começar pela incapacidade do diretor e roteirista David Ayer decidir que tipo de história quer contar.
Quando Batman vs Superman começou a receber críticas pesadas pelo seu tom sério e sombrio demais e – principalmente – depois do sucesso de Deadpool, a DC decidiu refilmar algumas cenas de Esquadrão Suicida, ao que se sabe para acrescentar mais comédia. Nunca saberemos como o longa saberia, mas a montagem final acabou entregando um filme confuso, que mais parece um vídeo clipe da MTV, em alguns momentos.
QUEM É ESSE TAL ESQUADRÃO SUICIDA?
Segundo a sinopse:
O governo dos Estados Unidos ordena o recrutamento dos piores criminosos para uma importante missão, que visa acabar com uma entidade misteriosa e aparentemente impossível de se derrotar. É justamente isso que o governo precisa, de bandidos que praticamente não têm nada a perder. Mas será que eles estão dispostos a arriscarem suas vidas em nome da lei?
Estes tais bandidos terríveis são: Pistoleiro (Will Smith), Arlequina (Margot Robbie), Bumerangue (Jai Courtney), Diablo (Jay Hernandez), Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje) e Magia (Cara Delevingne), que se juntam ao governo, representado por Rick Flag (Joel Kinnaman) e Katana (Karen Fukuhara).
Ai que entram mais alguns problemas. Estes vilões nunca foram apresentados antes. Nós nunca o vimos como pessoas ruins, que mereciam estar na cadeia mais segura do mundo. E a forma como o filme escolheu de mostrar isso é extremamente falha.
Vou tomar o Pistoleiro como exemplo. Quando ele é apresentador, vemos uma cena onde ele mostra toda a sua perícia e precisão nos disparos. Ele mata um homem um grande criminoso e resolve uma situação difícil com um único tiro. Mas a próxima sequencia já o mostra com sua filha, entregando que ele é um homem carinhoso, que ama a filha mais que tudo. Sua carapuça de vilão cai por terra e ele se torna, no máximo, um anti-herói irritadinho. Até o Batman me parece mais vilão do que ele. E o mesmo se dá com praticamente todos os outros personagens.
AS PARTES BOAS DO FILME
A minha opinião sobre o filme é meio confusa, já que eu gostei não gostando, mas se eu tivesse que escolher um lado, iria para o time dos que gostaram. O filme é divertido e tem muitas passagens marcantes, ainda que tenha abusado em algumas piadas, fazendo com que elas parecessem falsas. Todos os personagens insistem em dizer – o tempo todo – que a Arlequina é doida, como se suas atitudes já não dissessem isso.
Eu assisti em uma pré-estreia e o clima deste tipo de sessões é sempre diferente. Havia até mesmo algumas garotas vestidas como Arlequina, e cosplays não são tão comuns em cidades pequenas como a minha. As pessoas batiam palmas quando os personagens apareciam. O clima era propício para que todos gostassem do filme.
O Fan Service foi bem feito. Dentre muitas outras coisas, há uma referencia muito clara a uma ilustração clássica do Alex Ross com o Coringa e a Arlequina e isso eu achei fantástico. As participações do Batman e de um outro membro da liga da Justiça também foram bem empolgantes.
O filme também tem muitas outras qualidades. Ainda que a edição tenha sido um problema para muitos, para mim, ela não chegou a incomodar. Os efeitos, de uma forma geral, estão incríveis. É difícil não se impressionar.
E o maior destaque, além da Arlequina, é a Magia, interpretada pela Cara Delevingne. A personagem ficou fantástica, tanto psicológica quanto esteticamente falando. Ela se movimenta numa espécie de dança sensual que deu um clima muito sombrio.
Esquadrão Suicida também faz um bom trabalho no que se refere ao empoderamento das personagens femininas. Toda a história gira em torno de três mulheres: Arlequina, Amanda Waller e Magia e isso, por si só, já é um grande mérito.
MAIS PROBLEMAS
O filme tem o mesmo problema que todos os filmes de heróis secundários tem: Um vilão aparece e tenta destruir o mundo e os heróis secundários tem que se esforçar para impedir isso. Mas, já que o mundo corre um risco sério, onde estavam os heróis principais para ajudar?
Eu imaginava que eles abordariam uma história menor, algo mais simples, que não envolvesse destruições globais, afinal nem o Superman nem nenhum dos outros membros da Liga da Justiça (que ainda está se formando) aparecem. Mas não. E essa megalomania acabou atrapalhando um pouco o terceiro ato, que deixou a desejar comparado com os dois primeiros.
Também preciso falar de outro problema sério. Um que eu já previa há algum tempo: O Coringa apresentado no longa é simplesmente… HORRÍVEL! Nem espere ser surpreendido com uma atuação maravilhosa ou um personagem perturbador, que te encanta e te faz ter medo. O Coringa de Jared Leto nada mais é do que um adolescente. Um playboy deste que estamos muito acostumados a ver, que gostam de ter tudo do jeito que querem e na hora que querem.
Aquilo tudo que ouvimos na mídia sobre Jared Leto enlouquecendo, mandando presentes para os atores e tudo mais, não era nada além do que eu sempre achei que fosse: jogada de marketing para encobrir um personagem ruim.
É claro que isso pode mudar com o tempo e ele pode criar mais profundidade… Mas em Esquadrão Suicida, o Coringa é praticamente dispensável. Com exceção de uma breve apresentação da Arlequina, todas as suas cenas são gratuitas. Infelizmente.
FINALIZANDO
Essa foi uma das críticas mais difíceis que eu já escrevi. Os sentimentos estão em conflito, porque parte de mim gostou e outra parte não.
O filme não é ruim, mas poderia ser muito melhor. É um dos melhores que a DC já lançou, mas ainda está longe de alcançar o nível de concorrentes como Guardiões da Galáxia ou Deadpool. Ainda assim, podemos vê-lo como uma redenção para a DC depois do “fracasso” de Batman vs Superman.
Assista o trailer de Esquadrão Suicida: