A consagração do filme Ainda Estou Aqui como Melhor Filme Internacional no Oscar 2025 representou um momento histórico para o cinema brasileiro. A atuação marcante de Fernanda Torres foi fundamental para o sucesso da produção, levando o Brasil ao centro dos holofotes da maior premiação da indústria cinematográfica mundial.
No entanto, muito antes desse triunfo, uma artista brasileira já havia desbravado os caminhos do reconhecimento internacional. Em 1953, Ruth de Souza tornou-se a primeira atriz brasileira a receber destaque em um dos festivais mais prestigiados do mundo: o Festival de Veneza. Sua atuação em Sinhá Moça lhe garantiu uma indicação ao Leão de Ouro, concorrendo com lendas do cinema como Katharine Hepburn e Michele Morgan.
Embora não tenha vencido, a nomeação foi um marco para o cinema nacional, consolidando Ruth como uma das maiores atrizes de sua geração.

Nascida no Rio de Janeiro em 1921, ela teve o primeiro contato com o cinema aos nove anos, após assistir Tarzan, o Filho da Selva com a mãe. No livro Ruth de Souza, estrela negra, escrito por Maria Angela de Jesus, a atriz relembro:
Quando cheguei ao Rio, a primeira coisa que me deixou encantada foi o cinema. Minha mãe me levou para ver o primeiro filme da minha vida, Tarzan, o Filho da Selva, com Johnny Weissmuller. Fiquei deslumbrada!

Sua trajetória nos palcos começou em 1945, ao ingressar no Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento. Seu talento rapidamente chamou atenção de nomes importantes, como o escritor Jorge Amado, que a convidou para atuar na adaptação de Terras do Sem-Fim.
Ruth estreou no cinema em 1948, no filme Terra Violenta, mesmo ano em que recebeu uma bolsa da Fundação Rockefeller e passou um ano estudando nos Estados Unidos. Desde então, construiu uma carreira sólida e representativa, com mais de 40 papéis na televisão e participações em filmes dirigidos por nomes como Walter Salles, Aluísio Abranches, Tom Payne e Edmond Francis Bernoudy.
Seu último trabalho foi na minissérie Se Eu Fechar os Olhos Agora (2019), encerrando com dignidade uma trajetória que atravessou gerações. Ruth de Souza faleceu em 28 de julho de 2019, aos 98 anos, vítima de pneumonia, deixando um legado inestimável para o teatro, o cinema e a televisão brasileira.
