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    MULAN: confira as maiores diferenças entre a animação de 1998 e o live action de 2020

    O remake de Mulan já estreou no Disney+ ao redor do mundo, mas ainda deve levar alguns meses até que finalmente chegue oficialmente no Brasil. Ainda assim, nossa equipe já assistiu e decidimos adiantar alguns detalhes para matar a sua curiosidade.

    Vale destacar que este novo filme tem muita personalidade. Não se trata apenas de mais um remake, que recria o original cena a cena, como foi o caso de A Bela e a Fera. Muito pelo contrário. Em certos pontos, Mulan de 2020 é completamente diferente, trazendo novos ares para essa história tão conhecida.

    Foi por isso que decidimos montar esta lista apontando as principais diferenças entre o live action e animação original de 1998. É claro que apresentaremos apenas as mudanças mais relevantes. Coisas mais simples, como os nomes dos personagens que mudaram, não serão mencionados. A única menção honrosa é o vilão, que no original chamava-se Shan Yu e agora se transformou em Bori Khan.

    O castelo da Disney

    O tradicional castelo símbolo dos parques temáticos da Disney aparece em todos os longas do estúdio e, em Mulan, não é diferente. O destaque vai para a mudança no estilo. O castelo que vemos na abertura é o Enchanted Storybook Castle, uma construção que fica na Disneylândia de Xangai. Este parque também foi a primeira unidade da empresa a ser instalada na China continental, uma vez que a Disney foi impedida de se instalar no país por várias décadas, devido ao seu modelo capitalista.

    E não apenas o castelo, mas também o próprio longa, funcionam como uma forma de estreitar as relações entre a Disney e a China. Isso porque, na época do lançamento do longa de 1998, os chineses consideraram a animação “muito ocidental”, o que fez como que não houvesse muito lucro na região. O novo filme, por sua vez, foi totalmente projetado para agradar o público chinês.

    Mulan não corta o cabelo

    Devo confessar que coloquei este item no começo porque ele foi o que mais me incomodou ao longo do filme. E não pense que isso é apenas saudosismo da minha parte. A falta da cena atrapalha (levemente) o enredo, fazendo com que a história perca parte do seu valor narrativo. Boa parte da sequência é parecida, com a jovem roubando a armadura e a espada do pai e deixando uma tiara de cabelo feita de jade. Mas ela não chega a cortar as madeiras, preferindo prendê-las em um coque. Era fantástico ver a jovem guerreira cortando seu cabelo com a espada, em um único golpe. Isso trazia peso e drama para a trama, uma vez que víamos a dor daquela decisão irreversível.

    O remake não é um musical

    Ainda em 2017, quando o filme começou a andar, a Disney anunciou que as músicas temas do longa original não estariam presentes no remake. Algumas pessoas odiaram a decisão e outras celebraram. Ainda assim, algumas frases das letras das músicas foram incorporadas nas falas dos personagens, como forma de referenciar a obra original. A única música da trama, “Loyal Brave True,” está nos créditos, sendo cantada originalmente por Christina Aguilera. Na versão brasileira, que cantou a música (traduzida como “Lealdade Coragem Verdade”) foi a Sandy. Também é possível ouvir trilhas incidentais de canções clássicas da versão original ao longo do filme.

    Sai Mushu e entra uma Fênix

    Um dos personagens mais amados do filme de 1998 foi o dragão Mushu, dublado em inglês por Eddie Murphy. Apesar do amor, esse foi um dos motivos de problemas com os chineses, uma vez que ele era dublado por um ator não asiático. Houve também acusações de que o dragão não possuía uma personalidade chinesa original, mais parecendo um mascote de uma rede de restaurantes fast food chinês. Por todos estes detalhes, Mushu foi substituído por um personagem interesse, mas praticamente sem expressão: uma fênix. O anima foi transformado no símbolo da família de Mulan e acompanha a personagem ao longo da trama, ainda que não a aconselhe ou interaja com ela diretamente.

    O elenco inteiro é composto por chineses

    No longa original, havia uma mistura maior de atores. Muitos dos personagens clássicos, como o já citado Mushu (Eddie Murphy) e também George Clooney, que dava voz ao vilão Shan Yu, eram dublados por americanos e não por chineses. Também havia japoneses dublando chineses na versão original, como Pat Morita (o sr. Miyagi), que interpretou o Imperador da China e George Takei (o Hikaru de Star Trek), que deu vida a um dos ancestrais da guerreira. Isso gerou comentários negativos, na época. Por isso, nesta nova versão, a Disney decidiu resolver este problema. O novo elenco é composto por nomes conhecidos do cinema chinês, como Gong LiJet Li e Donnie Yen. Há, inclusive, uma participação da atriz Ming-Na Wen, que emprestou sua voz para a Mulan de 1998.

    Agora Mulan tem uma irmã

    Na animação, Mulan não tinha irmãos, apenas um cachorro, chamado (curiosamente) de Irmãozinho. Nesta nova versão, o Irmãozinho foi substituído por Hua Xiu (Xana Tang), que é literalmente a irmã da personagem. A mudança não é muito significativa. Acredito que funcione apenas para reforçar alguns valores presentes na trama, como a lealdade a família, e para criar mais motivos para que Mulan queira voltar para casa.

    A Mulan é quase uma Jedi

    Na versão original, o caminho que a Mulan precisa trilhar para se transformar em uma guerreira e abandonar o status de camponesa é muito mais complexo. Por mais que ela seja mais “resistente” do que o padrão de mulher da época, quando se junta ao exército, precisa treinar muito antes de se tornar uma soldado e se destacar em seu pelotão. No remake, vemos que a Mulan já é um prodígio desde que era criança, como mostrado na primeira cena do longa. O conceito de “chi”, muito importante na cultura chinesa, é transformado em um super-poder, como a Força, em Star Wars. Dessa forma, a impressão que tive era a de que a jovem Mulan mais parecia uma Jedi em busca de um mestre.

    Acho que sei o que o grupo de roteiristas (Amanda Silver, Elizabeth Martin, Lauren Hynek e Rick Jaffa) quiseram fazer: empoderar naturalmente a Mulan, mostrando como ela já era mais poderosa e incrível do que os homens, antes mesmo de precisar lutar com eles. Mas isso deixa as coisas menos interessantes, uma vez que não há muitas transformações na personagem, seja no caráter, seja nas habilidades físicas.

    Uma bruxa de estimação

    Numa tentativa de aumentar o apelo para a luta simbólica da personagem (igualdade entre homens e mulheres, poder de escolha, liberdade), o novo filme apresenta a bruxa Xian Lang (Gong Li). A ideia é até boa, mas a execução… Ao longo da trama, apesar de demonstrar um poder muito maior do que o do vilão Bori Khan, Xian Lang não faz nada além do que se esperaria de um animal de estimação. Ela sobrevoa os arredores, transformada em falcão, e manipula alguns inimigos. Nada mais.

    Há uma simplória sugestão de backstory, mostrando que, quando jovem, ela era como Mulan e tinha uma “chi” muito forte. Por esse motivo, foi rejeitada pelos homens de sua aldeia e agora anseia por vingança. Mas nada disso é aprofundado ao ponto de despertar alguma empatia, fazendo a conclusão do seu arco soar forçado.

    Conclusão

    A nova versão de Mulan tem muitos erros, mas podemos dizer que acerta mais do que erra. A história traz elementos interessantes, a fotografia é fantástica, os efeitos visuais estão bons e as atuações estão dignas. Algumas mudanças incomodaram, mas nada que atrapalhe a experiência.

    Pelo contrário. Acredito que, se a pandemia não tivesse acabado com nosso mundo, o filme renderia muito bem nas bilheterias, onde deveria ter estreado. Isso porque além de muito bonito visualmente, trás questões sociais relevantes.

    Também preciso dizer que essa não é uma competição e você não precisa escolher um dos filmes para gostar. Os dois estão disponíveis e, quando a Disney+ chegar no Brasil, você poderá assistir os dois em sequencia,

    Vale lembrar que esta ainda não é a nossa crítica oficial para o filme. Apenas alguns detalhes que achamos interessante para quem quer saber sobre quais temas o filme aborda.

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    Matheus Prado
    Matheus Pradohttps://matheusprado.com.br/
    Matheus Prado é cineasta, escritor, crítico de cinema e professor universitário. Acredita que a vida é um mar profundo e que devemos nos aventurar além da superfície. Escreveu e dirigiu dois longas-metragens e vários curtas.

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