Não, não estamos falando do aclamado filme de Quentin Tarantino que fez tanto sucesso nos anos 1990 que é, até os dias atuais, considerado um ícone da cultura pop. Pulp Fiction é como foram chamadas as revistas impressas em um papel de baixa qualidade com temáticas de fantasia, horror, ficção científica e histórias noir, que começaram a circular pelo mundo a partir do início do século passado, tendo seu “boom” entre as décadas de 1920 e 1950.
Apesar da fama de publicações de gosto duvidoso, escritores renomados como Isaac Asimov chegaram a publicar pulps nos Estados Unidos – país onde essas revistinhas tiveram mais expressividade –, e personagens que posteriormente ficaram famosos na cultura pop (seja com livros, séries, filmes ou revistas) foram nomes como Tarzan, Zorro e John Carter – esse último criado em 1912 como um veterano da Guerra Civil norteamericana que é levado a Marte, onde vive aventuras com seres marcianos.
Histórias absurdas e sensacionalistas com capas apelativas eram o “quê” de mais característico das pulp fictions, que podem ser comparadas com as séries de televisão dos dias atuais pelo fato de serem um entretenimento rápido e fácil de digerir. E o sucesso das pulps foi tão grande que essas revistinhas caricatas podem ser consideradas as precursoras das HQs e dos livros de bolso. Por sinal, a Marvel Comics começou publicando pulps nos idos dos anos 1940.
Especialmente no período pós-guerra, essas revistas ofereciam conteúdo divertido e cultural para o público de baixa renda, uma vez que eram produzidas com material de segunda e seu preço final acabava sendo bem mais baixo do que o custo dos livros tradicionais, que eram mais duráveis, porém, mais caros. Então as pulps eram vendidas em bancas de jornal e tabacarias e serviam, ainda, como uma válvula de escape da realidade de trabalhadores, operários e imigrantes.
Mas e a ficção científica no meio disso?
Esse foi o gênero mais difundido dentro das pulp magazines, muitas vezes mesclado com o horror e a fantasia. A Weird Tales Magazine, fundada em 1923, contou com o lendário H.G. Wells em sua primeira edição, por exemplo, fazendo bastante sucesso até seu encerramento, na década de 1950.
Já a Amazing Stories Magazine foi, de fato, a primeira pulp dedicada ao sci-fi, publicando volumes desde o ano de 1926 até 2005, quando fechou as portas definitivamente. Criada por Hugo Gernsback (que é considerado o “pai da ficção científica moderna”), essa revista tinha qualidade superior às demais e contou com histórias de H.G. Wells, Júlio Verne e Edgar Allan Poe, além de atrair até mesmo os olhares mais distraídos graças às suas capas extravagantes e chamativas.
Além da Amazing Stories, outra pulp de destaque no universo da ficção científica com a Astounding Stories Magazine, cujo editor John W. Campbell foi um dos responsáveis pela definição do conceito de “ficção científica” na sua época. A publicação já existia desde 1930 e lançou nomes de peso como Isaac Asimov, E. Van Goth e Arthur C. Clarke nesse gênero no qual esses autores se consagraram. A Astounding chegou a ser a pulp mais vendida nos EUA na primeira metade do século XX, mudando de nome em 1960 para Analog Magazine e é publicada até os dias atuais, sob o título de Analog Science Fiction and Fact.
Outras pulp fictions que ficaram conhecidas por trazer ao leitor histórias fantásticas de ficção científica, horror e sobrenatural foram nomes como The Thrill Book, Strange Tales, The Occult Fiction Magazine, Starling Stories, Thrilling Wonder Stories e Fantastic Stories.
E se os clássicos de Quentin Tarantino fossem pulp fictions?
Já que essas revistinhas serviram como inspiração para o filme homônimo do icônico diretor “cult”, que tal imaginar suas produções como se fossem pulp fictions? Pois foi exatamente isso o que o designer francês David Redon decidiu fazer. Criativo, Redon redesenhou algumas capas de clássicos de Tarantino nos moldes das lendárias revistas sensacionalistas.
Quem gostou pode conferir essas e outras artes sensacionais deste designer aqui.