O cinema sempre foi um meio poderoso para contar histórias fascinantes e inspiradoras. E alguns diretores elevam essa capacidade ao estado da arte. É o caso do cineasta Christopher Nolan, que está prestes a apresentar a primeira cinebiografia de sua carreira, com o épico Oppenheimer.
O longa, que estreia no dia 20 de julho, vai contar um pouco da vida de Robert Oppenheimer, um dos cientistas mais influentes do século XX. E antes que você possa se aventurar no longa, decidimos mergulhar na vida e no legado desse notável físico nuclear, cujo trabalho moldou o curso da história mundial.
O homem
Robert Oppenheimer nasceu em 22 de abril de 1904, em Nova Iorque e, desde cedo, demonstrou ter uma mente brilhante, curiosa e analítica. Em 1925, ele se formou com louvor na prestigiada Universidade de Harvard, onde se destacou em física e matemática, demonstrando uma capacidade intelectual notável.
Depois de concluir seus estudos, Oppenheimer partiu para a Europa, onde teve a oportunidade de trabalhar com alguns dos maiores cientistas da época, como Max Born e Niels Bohr. No entanto, foi durante a década de 1930, quando voltou aos Estados Unidos, que Oppenheimer começou a construir sua reputação como um dos principais especialistas no campo da física teórica.
No entanto, foi durante a Segunda Guerra Mundial que ele desempenhou um papel de destaque que mudaria o mundo para sempre. Nesta época, Oppenheimer passou a trabalhar em projetos governamentais relacionados à física e se tornou uma figura central no desenvolvimento da bomba atômica.
O Projeto Manhattan, uma iniciativa ultrassecreta, foi criado com o objetivo de construir a primeira arma nuclear. Oppenheimer foi nomeado diretor científico do projeto e liderou um grupo de cientistas brilhantes em Los Alamos, no Novo México.
O Peso da Responsabilidade
Enquanto a equipe trabalhava arduamente para desenvolver a tecnologia necessária para a criação da bomba, Oppenheimer enfrentava uma série de dilemas éticos e morais. Ele estava consciente do potencial destrutivo da arma que estava sendo criada, e sua consciência pesava diante das implicações catastróficas do seu trabalho.
Sua famosa citação de Bhagavad Gita, depois do teste bem-sucedido da bomba, reflete a profundidade de sua angústia interior:
Eu me tornei a morte, o destruidor de mundos.
Menos de um mês depois do teste Trinity, como foi denominada a explosão no deserto do Novo México, em 1945, duas bombas atômicas foram lançadas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.
E testemunhar a destruição que sua criação causou no Japão o levou a uma reflexão ainda mais intensa. Depois da guerra, Oppenheimer tornou-se um defensor fervoroso do controle de armas nucleares e da necessidade de cooperação internacional para evitar uma catástrofe nuclear.
No entanto, suas posições políticas e seu passado no projeto atraíram suspeitas e críticas por parte do governo dos Estados Unidos, resultando em uma investigação de segurança que manchou sua reputação e limitou suas atividades científicas.
O Legado
A vida de Oppenheimer também é marcada por sua paixão pela ciência e pelo ensino. Ele foi um dos principais defensores do desenvolvimento de programas de pós-graduação em física nos Estados Unidos e fez contribuições significativas para o campo da astrofísica.
Depois da Segunda Guerra Mundial, Oppenheimer dedicou-se ao ensino e à pesquisa acadêmica, trabalhando em instituições como a Universidade de Princeton. Sua dedicação ao avanço científico e seu papel na formação de jovens cientistas garantiram um legado duradouro.
Com o início da Guerra Fria, Oppenheimer foi acusado pelo governo americano de ser um simpatizante comunista e de ter colocado em risco a segurança nacional dos Estados Unidos. Embora as evidências contra ele fossem tênues, a investigação teve um impacto devastador em sua reputação e carreira.
Em junho de 1954, ele foi privado de sua autorização de segurança e proibido de ter acesso a informações confidenciais do governo. Essa decisão teve um efeito avassalador sobre ele, pois limitou severamente suas oportunidades de pesquisa e trabalho científico. Ele deixou de ser um conselheiro científico do governo e viu suas perspectivas profissionais desaparecerem.
A saúde de Oppenheimer também começou a declinar depois disso. O estresse emocional e a pressão resultante afetaram negativamente sua saúde física e mental. Ele desenvolveu problemas cardíacos e enfrentou um período de depressão profunda.
Seu estado de saúde continuou a se deteriorar nos anos seguintes, e ele passou a maior parte de seu tempo afastado dos holofotes e da vida pública. Robert Oppenheimer faleceu em 18 de fevereiro de 1967, aos 62 anos, em Princeton, Nova Jersey.
Oppenheimer
Oppenheimer será o primeiro filme biográfico dirigido por Christopher Nolan. A trama é baseada no livro American Prometheus e, de acordo com os trailers e prévias do filme, a narrativa abrange boa parte da carreira do cientista. Nolan explicou em entrevista à Associated Press que o filme combina sequências coloridas com trechos em preto e branco.
As sequências coloridas mostram os eventos do ponto de vista de Oppenheimer, enquanto as sequências em preto e branco oferecem uma visão “objetiva” dos fatos, criando um contraste entre a história real e a perspectiva do protagonista.
O elenco de Oppenheimer conta com a presença de Cillian Murphy, no papel principal. O elenco também inclui uma lista impressionante de grandes astros de Hollywood, como Emily Blunt como Kitty Oppenheimer (esposa de Oppenheimer), Matt Damon como o militar Leslie Groves (coordenador do Projeto Manhattan), Robert Downey Jr. como o oficial do governo Lewis Strauss e Florence Pugh como Jean Tatlock (ex-namorada e amante de Oppenheimer).
O elenco secundário também apresenta nomes de peso, como Rami Malek, Jack Quaid, Gary Oldman, Kenneth Branagh, Josh Hartnett, David Dastmalchian, Matthew Modine e Tom Conti como Albert Einstein, entre outros.
Oppenheimer chega aos cinemas brasileiros em 20 de julho.