Mais

    Blog do Matheus Prado

    Matheus Prado é professor universitário, jornalista, escritor e cineasta. Autor de quatro livros, ministra cursos sobre escrita criativa e storytelling.

    IMPERDOÁVEL: o filme que a crítica odiou e o público amou

    Há anos, tenho um problema sério com os ditos “críticos cinematográficos”. É até clichê dizer isso, mas sempre me soou como se boa parte dos que se propõem a crítica filmes não quisessem nada além de uma oportunidade de falar mal de algo que todos gostavam.

    Claro que qualquer generalização é burra, mas isso se torna mais real a cada dia. E se tornou explicito com o lançamento de Imperdoável (The Unforgivable), o novo filme da Sandra Bullock na Netflix.

    Antes de me aprofundar no tema, vamos a sinopse:

    Imperdoável conta a história de Ruth, uma mulher que passou 20 anos na cadeia por ter assassinado um policial, e que agora está tentando se adaptar e voltar ao convívio da sociedade. Nessa busca, ela acaba sendo discriminada em todos os lugares para onde vai, ao mesmo tempo em que tenta encontrar sua irmã mais nova, que não vê desde que foi presa.

    Pela sinopse, podemos ver que a trama é promissora. Há muitos pontos interessantes que poderiam render ótimas cenas e ótimas reflexões.

    Mas qual é o consenso geral dos críticos? Que isso não aconteceu e que o filme é um grande desperdício de tempo. Nem mesmo a participação da sempre incrível Viola Davis conseguiu salvar o longa da previsibilidade e do sentimentalismo descartável. Mas… será mesmo?

    O que tem de ruim?

    Vamos analisar por partes, começando pelos problemas. O filme realmente é confuso. Há muitas tramas paralelas que nos afastam da trama principal e a maior parte delas não é finalizada ou sequer importa para o desenvolvimento da história. A presença de Viola Davis e de Vincent D’Onofrio realmente foram desperdiçadas e a direção parece perdida no ruma para onde quer seguir.

    Se a primeira parte da trama cria um clima soturno e cinzento para mostrar o sofrimento e as dificuldades da personagem, o último ato simplesmente abandona tudo isso em favor de uma conclusão acelerada. A tensão desaparece o finalizamos com a impressão de que estávamos assistindo uma novela. Digo isso no pior dos sentidos possíveis.

    Há pelo menos cinco personagens com muito tempo de tela, mas que tem ZERO relevância para a história. Eles só estão lá para criar uma tensão que não vai ser importante, no fim das contas. E ainda que as atuações sejam boas, em sua maioria, todos soam iguais e inócuas, como se aquele fosse um universo paralelo onde tudo é cinza e triste. A própria Sandra Bullock parece ser a única que escapa disso, mas também comete alguns deslizes.

    O que tem de bom?

    Agora entra a minha crítica aos críticos. Afinal, apesar de todos os problemas, todos os erros e todos caminhos que não levam a lugar nenhum, o filme cumpriu o seu papel de tocar o público. Essa é a ÚNICA função real de um filme, mas parece que alguns “profissionais” se esqueceram disso.

    E, queiram eles ou não, Imperdoável conseguiu emocionar o público.

    Eu estava confuso quando terminei de assistir pela primeira vez. Não sabia se tinha gostado ou não. O final me deixou um sabor agridoce, uma vez que eu esperava algo diferente, mas… quem liga para o que eu esperava? Então fui para a internet em busca de outras opiniões.

    Logo notei um padrão totalmente comum. A crítica especializada repetia a mesma ladainha de sempre, enquanto o público parecia discordar de tudo. Muitos afirmaram terem chorado nas cenas finais. Muitos se identificaram com o sentimento e a tristeza da protagonista. Muitos conhecem pessoas que passaram por situações parecidas.

    Novamente, a única função de um filme (e de qualquer história, na verdade) é gerar uma emoção no espectador. Pode ser amor, culpa, tristeza, esperança e até mesmo ódio. Se isso foi cumprido, então o filme tem seu valor. Não importa se eu odiei. Não importa se os críticos odiaram.

    É por isso que a notícia mais acessada daqui do cinemagem, desde que nosso site entrou no ar em 2011, é a de o filme Chappie não terá continuação. Quando os comentários eram abertos, recebíamos centenas de mensagens de fãs revoltados, que queriam uma parte dois da história. Esse é até um caso parecido: a crítica não gostou do longa do Neill Blomkamp, o estúdio também não, mas o publico amou. Bingo! O filme cumpriu seu papel.

    É o público quem manda?

    Estou dizendo que a opinião do público deve ser o único guia para decidir se um filme é bom ou ruim? Claro que não. Estou dizendo que NINGUÉM tem propriedade para dizer que um filme é bom o ruim além do seu próprio umbigo.

    Nenhuma das minhas críticas tem o objetivo utópico de cravar a verdade na pedra. Escrevo o que sinto ao imergir em uma história. Descrevo minhas próprias emoções na esperança de que isso ajude o público a descobrir suas próprias emoções.

    É também por esse motivo que evito falar mal de filmes. Se eu assistir algo e odiar profundamente, nunca farei um crítica negativa. Prefiro evitar. Simples assim. Não quero criar um sentimento de ódio, porque o mundo já está cheio disso.

    Para mim, Imperdoável é um filme mediano. Não me surpreendeu tanto quanto eu queria, não me emocionou tanto quanto eu esperava, mas também não me gerou raiva. Me fez pensar sobre como é triste a vida de um detento, que está tentando se adaptar em um sociedade que o despreza. Também me fez pensar que muitos voltam para o crime porque não conseguem um abertura ou uma oportunidade. E o que eu posso fazer para resolver isso.

    Nada, assim como também não posso fazer nada para mudar a opinião dos críticos ou a sua opinião sobre este filme. E isso é ótimo. Afinal, tentar forçar alguém a pensar como você é a única verdadeiramente Imperdoável nesta história.

    Pontuação individual

    direção
    atuação
    fotografia
    montagem
    roteiro

    Sobre a obra

    Imperdoável conta a história de Ruth, uma mulher que passou 20 anos na cadeia por ter assassinado um policial, e que agora está tentando se adaptar e voltar ao convívio da sociedade. Nessa busca, ela acaba sendo discriminada em todos os lugares para onde vai, ao mesmo tempo em que tenta encontrar sua irmã mais nova, que não vê desde que foi presa.

    conheça nosso canal no telegram!

    O cinemagem agora tem um canal no Telegram! Participe para receber as principais notícias da cultura pop com exclusividade! É só clicar AQUI. Você também pode acompanhar nosso canal do YouTube. Lá você encontra críticas, notícias e masterclass sobre cinema. Tudo de graça para você. Viva pelo cinema!

    nossas críticas

    Assine o FILMICCA

    Últimas Notícias

    mais lidas de hoje

    Imperdoável conta a história de Ruth, uma mulher que passou 20 anos na cadeia por ter assassinado um policial, e que agora está tentando se adaptar e voltar ao convívio da sociedade. Nessa busca, ela acaba sendo discriminada em todos os lugares para onde vai, ao mesmo tempo em que tenta encontrar sua irmã mais nova, que não vê desde que foi presa.IMPERDOÁVEL: o filme que a crítica odiou e o público amou
    plugins premium WordPress