O Writers Guild of America, sindicato dos roteiristas dos Estados Unidos, aprovou uma possível paralisação para reivindicar melhores condições de trabalho no país. A votação teve a participação de 79% dos membros, que são roteiristas de filmes e séries, dos quais quase 98% foram favoráveis à greve.
Os números tornaram está a maior votação da história da organização. E embora a votação não garanta a greve, autoriza as lideranças do sindicato a iniciá-la a partir do dia 1 de maio, caso não haja acordo com as produtoras e estúdios de Hollywood. Em comunicado à imprensa, o sindicado disse:
Os membros do WGA autorizaram uma greve de 97,85%. Os escritores estão prontos para um acordo dos estúdios que permite aos escritores compartilhar o sucesso do conteúdo que criam e construir uma vida estável.
Os roteiristas reivindicam melhores condições de trabalho, especialmente em relação à remuneração na era do streaming, que não acompanhou o aumento do volume de trabalho e de produção de filmes e séries nas mais variadas plataformas. Eles pedem, entre outras coisas, o aumento do salário mínimo e uma nova fórmula para tornar os valores residuais mais justos.
O sindicato também denuncia práticas dos estúdios que buscam pagar menos aos profissionais, como as chamadas “minirooms” (mini salas, em tradução leteral), em que estúdios reúnem profissionais para desenvolver uma nova série e até escrever alguns roteiros, mas sem encomendar a obra oficialmente. Como não houve aquisição, o estúdio paga menos para esses profissionais do que pagariam a uma sala de roteiristas convencional.
É importante destacar que a aprovação da greve não garante que ela aconteça, já que em 2017, os sindicatos haviam aprovado uma paralisação, mas voltaram atrás depois de firmarem um acordo com os estúdios poucos dias antes da data limite.
A última greve de roteiristas em Hollywood ocorreu em 2007 e durou mais de três meses. Nesse período, as paralizações causaram prejuízos de mais de US$ 2 bilhões para os estúdios e ainda encurtou ou pausou temporadas de séries famosas, como Breaking Bad, The Big Bang Theory, How I Met Your Mother, House e The Office.
Para este ano, a previsão é que os primeiros produtos a serem afetados sejam os talk-shows, que devem ser paralisados imediatamente, enquanto filmes e séries roteirizados não devem ser impactados de imediato, já que os textos são produzidos com antecedência. No entanto, essas produções podem ser afetadas caso a paralisação se estenda.
Em preparação para uma possível greve, plataformas e emissoras estão se concentrando em duas frentes: “estocar roteiros” e focar na produção de reality shows.