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    EXCLUSIVO: Aquiles Priester, um dos maiores bateristas do mundo, ministra workshop em Sinop

    O dia 29 de agosto marcou Sinop pela passagem de um dos maiores músicos de heavy metal do planeta: Aquiles Priester, conhecido por fazer parte de bandas gigantescas, como Angra e Hangar.

    O músico também participou da turnê europeia do W.A.S.P., um dos principais nomes do heavy metal americano, e gravou com o monstro da guitarra Tony MacAlpine.

    A lista de títulos de Aquiles é imensa. É considerado há 17 anos o melhor baterista de heavy metal do Brasil pelas principais revistas e sites especializados. Em 2011, tornou-se o único brasileiro a entrar no disputado ranking da revista americana Modern Drummer como 5º melhor baterista de metal progressivo do mundo.

    Ele também já realizou mais de 500 workshops em vários países e participou dos maiores festivais de bateria do planeta. Hoje em dia, o músico mora em Los Angeles (EUA), o que torna ainda mais exclusiva a sua passagem por Sinop.

    Além da precisão e requinte técnico, a história de vida de Aquiles também impressiona. Os privilegiados que estiveram no workshow (uma mistura de apresentação com curso intensivo) puderam conhecer alguns dos perrengues pelos quais ele passou: depois de trabalhar em supermercados e praticamente passar fome, o jovem baterista trabalhou na multinacional Dana Incorporated Brasil, onde desenvolveu uma grande carreira como executivo.

    Mas tudo mudou em 2000, quando ele entrou para o Angra e se consagrou como o grande baterista que o mundo passou a conhecer.

    Baterista Aquiles Priester | Créditos: Rodrigo Prado / Cinemagem

    Aquiles me recebeu logo depois da apresentação. Alegre, espontâneo e muito bem disposto, apesar de ter passado horas tocando, falou sem rodeios sobre vários assuntos. O resultado da entrevista você confere abaixo.

    CINEMAGEM –  O disco “Temple of Shadows” é muito importante pra mim e ele fez quinze anos de lançamento em 2019. Eu tive a oportunidade de assistir um show dessa turnê em 2005 e foi uma dos momentos mais incríveis da minha vida. Qual é a sua relação com esse disco?

    AQUILES – Eu fico feliz de ter feito parte daquilo. Quando você está gravando um álbum, você nunca sabe importância que aquele disco vai ter, que a mensagem vai ter para as pessoas. Eu fico feliz demais em saber que, quinze anos depois, quando você escuta o disco, parece que ele foi gravado este ano. Isso é uma coisa legal. Esse disco é atemporal e é isso que faz ele ser esse grande sucesso. Esse clássico.

    CINEMAGEM – Você comentou que começou na música dublando Ultraje a Rigor… Já teve a oportunidade de tocar com eles?

    AQUILES – Eu não toquei ainda, mas conheci o Roger. Ele sabe dessa história toda e eu falei pra ele que a gente precisa tocar juntos um dia. Quase rolou uma vez para eu ir no The Noite, com o Danilo Gentili, onde eles tocam, mas não deu por causa da agenda. Mas, é uma coisa que está na pauta dessa vida.

    CINEMAGEM – Você também falou sobre o seu sonho de ser jogador de futebol, antes de ser músico. Como é abandonar um sonho em função do outro?

    AQUILES – É horrível. Você nunca sabe o que teria acontecido na sua vida se você tivesse seguido um outro caminho. Mesmo que ser jogador naquela época não é tão bom quanto é ser jogador hoje em dia, né? Mas ainda assim, era uma coisa que eu sentia muito prazer pela dedicação que precisa ter. Ainda mais em uma cidade pequena, onde poucas pessoas acreditavam que aquele negócio poderia ter dado certo. Eu estava indo bem, jogando na seleção de Fox… Eu acho que eu teria uma carreira boa. Eu tinha habilidade com a bola. Jogava como quarto zagueiro ou lateral direito. E essa é uma das coisas que eu continuo fazendo até hoje. Essa parte física, principalmente correr. E é por causa do futebol, que é uma coisa que eu fiz a vida inteira.

    Baterista Aquiles Priester | Créditos: Rodrigo Prado / Cinemagem

    CINEMAGEMFalando de música, você acha que hoje em dia é possível ser um bom baterista e ser reconhecido sem tocar Heavy Metal?

    AQUILES – Eu acho que sim. O importante é o cara ser especialista. O importante é o cara tocar aquilo que ele escolheu tocar de uma forma única. Isso que é o diferencial. Se você pegar os grandes bateras, os caras que as pessoas citam como ícones, eles são especialistas e tem uma assinatura. Quando você houve o cara tocando você já sabe quem é. Mesmo fora do metal tradicional. Aquele maluco do The Who, o Keith Moon, ou o Ringo Starr (Beatles). Caras que são clássicos. John Bonham também, São pessoas que todo baterista precisa ouvir. Outro cara que eu gosto muito é o Jeff Porcaro. Uma cara que não era um baterista virtuoso, mas tinha um groove único. Uma cara que compunha músicas para serem hits.

    CINEMAGEM E sobre bateras brasileiros?

    AQUILES – Toda essa galera dos anos 80. João Barone (Paralamas do Sucesso), Gel Fernandes (Rádio Taxi), o Leôspa (Ultraje a Rigor), Charles Gavan (Titãs). E tem a nova geração também. Tudo monstro. Tem o Eloy Casagrande (Sepultura), tem o Alexandre Aposan (Oficina G3), que é bem novo, tem o Beto Cardoso (Project46). Essa molecada toda nova tá brutal. Eles vem de uma época em que a quantidade de informação que eles têm é muito maior do que quando eu tinha só um VHS… E quando tinha. Eu acho que a internet proporciona isso tudo. E o mercado precisa se renovar. A gente não pode pensar que estaremos aqui eternamente. Tem que continuar e tem que ser em grande estilo. E essa molecada nova tá fazendo isso.

    CINEMAGEM Se hoje você tivesse que eleger o melhor baterista, tanto brasileiro quanto do mundo, quem seria? 

    AQUILES – Pra mim, o melhor do mundo é aquele cara que mais foi importante pro que eu fiz. Então, vai ser o Deen Castronovo (Journey), que um cara que me influenciou e fez eu ser o baterista que eu sou hoje. Eu acho que teve um divisor de águas grande quando apareceu o João Barone aqui no Brasil. Foi um cara que chamou atenção. Nunca tinha existido um batera brasileiro que tinha chamado tanta atenção dentro de uma banda. Ele foi o cara que fez isso pela “classe baterística“. Existe a classe antes do João e depois do João. Ele foi fundamental para que a gente tivesse essa importância que a gente tem hoje dentro de uma banda.

    CINEMAGEM – E o que você diz para um cara daqui de Sinop que quer ser reconhecido como músico, mesmo morando em uma cidade pequena, de interior? É possível?

    AQUILES – Claro! Mas tem que acreditar e tem que ir atras do seu sonho. Seja onde você quiser. E se você achar que o sonho não está aqui, vai embora! Vai atrás daquilo que você acredita. Siga o seu instinto. É porque, no final do dia, a gente tá sempre sozinho. E a gente vem nesse mundo assim, também. Sozinho. Se o cara acredita que é isso que ele quer, ele tem que correr atrás, seja em Sinop ou seja em qualquer outra parte do mundo.

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    Matheus Prado
    Matheus Pradohttps://matheusprado.com.br/
    Matheus Prado é cineasta, escritor, crítico de cinema e professor universitário. Acredita que a vida é um mar profundo e que devemos nos aventurar além da superfície. Escreveu e dirigiu dois longas-metragens e vários curtas.

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