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    PRIMEIRAS IMPRESSÕES – Herói ou vilão?

    Plata o Plomo?

    Vivemos tempos estranhos. Em meio a todo o sofrimento, descaso e impunidade, nos vemos agarrados a uma vaga esperança de libertação e mudança. Nos encontramos presos a uma ideia que nos guia desde tempos imemoriais, nos fazendo suportar a tudo pela crença de que, um dia, um herói nos salvará. Com sua força descomunal e sua sede por justiça, esse herói nos livrará de todas as agruras infringidas por aqueles que só querem o nosso mal.

    Hoje, o Brasil clama por um herói. E ele há de surgir.

    Na década de 80, a Colômbia clamava por um herói. E ele surgiu.

    Narcos: a nova aposta da Netflix

    A nova série da Netflix, NARCOS, nos apresenta a incrível figura de Pablo Emilio Escobar Gaviria. Com uma interpretação fenomenal de Wagner Moura e direção marcante de José Padilha, podemos acompanhar de perto os fatos por trás da criação de um império bilionário, que envolvia corrupção, assassinatos, sexo e amor familiar.

    Pablo Escobar, um dos homens mais ricos do planeta em seu tempo, era conhecido como o Robin Hood de Medellín, a cidade colombiana onde ele iniciou seu grandioso esquema de tráfico que haveria de se espalhar pelo mundo inteiro. Ele dava dinheiro aos povos e tinha força o suficiente para destronar reis. Era um herói. E era um assassino.

    É impossível não sentir empatia com a sua figura conforme somos apresentados a ele. Embora seja um traficante sangue frio e psicopata, ele possui valores familiares muito profundos, o que me lembra muito Don Vito Corleone.

    Boyd Holbrook interpreta Steve Murphy, um agente da DEA com a missão de acabar com o tráfico colombiano. Toda a série é narrada por ele e o primeiro episódio já se inicia falando sobre o Realismo Fantástico e sobre como às vezes se torna difícil distinguir ficção de realidade na Colômbia. Conforme os episódios vão passando essa afirmação fica bem clara.

    Boyd Holbrook (centro) como o agente do DEA Steve Murphy.
    Boyd Holbrook (centro) como o agente do DEA Steve Murphy.

    José Padilha deixa bem claro que sabe bem o que está fazendo. Ainda que suas características principais – narração, pausas dramáticas, roteiros fora de ordem cronológica – estejam bem presentes na tela, é visível como ele se tornou mais maduro com o passar do tempo. A fotografia impressiona e me faz pensar em Breaking Bad, com cada quadro sendo milimétricamente calculado.

    Uma linha tênue entre Heróis e Vilões

    Se analisarmos com cuidado, porém, a verdade é que não há mocinhos na série. Todos trabalham baseados na fé de que os fins justificam os meios. Aqueles que deveriam ser os heróis da série, muitas vezes usam métodos de tortura já bem conhecidos para quem assistiu a Tropa de Elite.

    Enquanto isso, Pablo Escobar era adorado pelo povo como se fosse um santo, mostrando como é tênue a linha entre o bem e o mal e como a população pode ser manipulada quando perde tudo. Ao mesmo tempo que levava dinheiro e boas oportunidades para as comunidades carentes, Pablo assassinava qualquer um que se colocasse entre ele e seus objetivos.

    Quanto mais sofredor o povo, mais ele da brecha para ser iludido.

    Wagner Moura como o narcotraficante Pablo Escobar.
    Wagner Moura como o narcotraficante Pablo Escobar.

    O futuro quase certo

    Narcos se encerra muito bem. A história é bem amarrada e, ainda que seja fechada, deixa espaço para uma futura segunda temporada. Afinal de contas, o tráfico de cocaína ainda é muito intenso, não só nos EUA e na Colômbia, como no mundo todo.

    E, considerando a repercussão que está tendo, uma nova temporada é quase certa. Só nos resta esperar.


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    Matheus Prado
    Matheus Pradohttps://matheusprado.com.br/
    Matheus Prado é cineasta, escritor, crítico de cinema e professor universitário. Acredita que a vida é um mar profundo e que devemos nos aventurar além da superfície. Escreveu e dirigiu dois longas-metragens e vários curtas.

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